Uma campanha alegre
Para a apresentação do manifesto eleitoral de Manuel Alegre não respondi ao conhecido apelo "traz um amigo também".
Diga-se, em abono da verdade, que teria sido desnecessário esse meu gesto, até porque, entre as cerca de oitocentas pessoas que enchiam a sala, a alegria contagiava-se e a amizade desenhava sorrisos nos olhos de um qualquer desconhecido.
Antes das palavras de Manuel Alegre – já divulgadas através da imprensa –, pude ouvir a apresentação do mandatário José de Faria Costa, que não tenho o direito de adjectivar.
Só posso – e devo – redimir-me de não ter levado "… um amigo" trazendo aqui e partilhando convosco, meus amigos, essa sua mensagem.
Leiam-na, porque hoje "…é preciso um país" mas, a partir de dia 22 de Janeiro, podemos consegui-lo.
Caras Amigas, Caros Amigos
Permiti-me que comece por uma pergunta, que é tudo menos retórica: por que razão estamos aqui?
Estamos aqui porque, convictamente, apoiamos a candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República. Convicção, por conseguinte, que — sustentada em livre e desinteressada decisão — nos dá a segurança de que, sem resto, não paira em nenhum de nós a presunção balofa de um qualquer protagonismo. O que queremos — e disso não abdicamos enquanto exercício de cidadania — é ajudar, com o nosso empenho, dedicação e tenacidade Manuel Alegre a alcançar a Presidência da República. Nada mais nos move. Nada mais nos anima. De sorte que o que nos move e anima seja, pois, a prossecução de um dos mais altos valores que a Democracia pode gerar. O valor da participação consciente, crítica e interventiva nas decisões que tocam o nosso destino colectivo.
Estamos aqui para, como cidadãs e cidadãos de corpo inteiro, dizermos que, se é verdade que a Democracia se faz nos e pelos sindicatos, associações cívicas e partidos políticos, não é menos certo afirmar que ela se realiza em plenitude também pelo contributo individual de cada um de nós. Se realiza, outrossim, pela ideia profunda da autónoma e pessoal assunção de cidadania. Mais ainda. Poder-se-á mesmo sustentar que uma democracia é tanto mais reveladora de forte intensidade ou potencial ético político quanto mais os seus membros participarem activa, individual e convictamente na coisa pública. Na res publica.
E se isto é deste jeito quanto olhamos para o jogo da participação política na sua globalidade mais reforçado sai — se necessário fora — o que se acaba de ponderar quando olhamos a eleição do Presidente da República.
Com efeito — é o próprio texto constitucional que o diz — "as candidaturas são propostas por cidadãos eleitores". O que mostra que político constitucionalmente o que se articula preferencialmente no quadro da luta política que se desenha neste especial segmento é a participação individual dos cidadãos.
Estamos aqui porque em tempos de soberania limitada — com tudo o que isso implica de complexo, difuso e inagarrável e até, em muitas circunstâncias, de teatro de sombras — temos a certeza de que com Manuel Alegre na Presidência da República haverá um garante da independência nacional e da unidade do Estado. O que não é de somenos. E não o é, porquanto na inevitável redefinição estratégica global dos Estados — ou o que deles restar — a afirmação de Portugal passa, no seio da comunidade internacional, pela defesa da identidade que se abra à radical aceitação da diferença dos outros. Sem dúvida alguma e de maneira irrecusável. Mas isso não pode permitir que se esmague o que é o nosso património espiritual. O que é a nossa identidade plural.
Estamos aqui porque temos a certeza de que Manuel Alegre será sempre o ponto de equilíbrio — não do equilíbrio passivo ou desmesuradamente expectante — para que tudo se processe dentro do "regular funcionamento das instituições democráticas", com uma compreensão historicamente aberta do que isso possa significar no momento.
O seu passado. O seu pretérito passado — que me escuso aqui de exaltar, na medida em que, neste contexto, o seu aparente esquecimento é a forma mais nobre de o elogiar e admirar — e o seu passado presente são prova inequívoca daquilo que vimos de afirmar. Manuel Alegre tem o senhorio do sentido da justiça como coisa própria e beneficia da virtude da penetração analítica aliada ao golpe de asa que faz com que os problemas dos homens e das instituições possam sempre ser resolvidos de forma clara e serena.
Estamos aqui porque sabemos, de ciência certa, que Manuel Alegre poderá dar aquele suplemento de alma tão necessário neste momento da nos-sa vida comunitária. E poderá fazê-lo não por qualquer mágica de tonalidade ou conhecimento economicista mas antes porque percebe, como poucos, o que caracteriza e aquilo em que se desdobra o nosso modo de ser colectivo.
Manuel Alegre conhece, em síntese, o nosso mais profundo pulsar e isso, queiram no ou não, é um atributo, uma qualidade que reforça a nossa mais íntima convicção de que Manuel Alegre é a escolha certa, neste momento histórico, para o dificílimo cargo de Presidente da República de Portugal.
Estamos aqui todos, sem excepção — e aqui incluo também e obviamente Manuel Alegre -, em luta política naquilo que ela tem de mais genuíno e verdadeiro. Em luta política por ideias. Por princípios. Por causas.
E se cada um de nós — na variedade e multiplicidade das nossas profissões e dos nossos mesteres, o que só mostra que a paixão política está viva e bem viva, o que é preciso é tão só fazê la despertar — na sua irrecusável autonomia só se representa a si próprio — daí que eu, agora, só simbolicamente represente esta Comissão —, é com algum grão de temeridade — que as minhas Colegas e os meus Colegas de Comissão de Honra me perdoarão ou relevarão — que lhe digo, em representação de todos, Manuel Alegre: bem haja por ter ousado candidatar-se.
Estamos aqui, pois, cada um e todos, pelas razões que se foram desfiando. Estamos aqui, com os pés assentes na terra e armados da mais cortante das racionalidades, o que implica a consciência das dificuldades, por certo. Mas estamos também aqui porque ao acreditarmos que a política se pode fazer com esses atributos, somos também crentes fiéis de que ela se deve e pode também levar a cabo com "um pouco mais de sol" com "um pouco mais de azul". E mesmo que não sejamos "brasa" ou "além", somos cidadãs e cidadãos de Portugal. E isso basta-nos.
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